terça-feira, 21 de junho de 2022

PORTUGUESES – REIS NA BIRMÂNIA


Os três portugueses que, não sendo reis no nosso reino de Portugal, foram reis na Birmânia (hoje Myanmar)

Dos reinos budistas até ao domínio britânico (séculos IX a XIX)

 

No início da era cristã, a Birmânia encontrava-se incluída na área de influência da cultura indiana. O budismo expandiu-se pelo país durante o século IX, e foram dois séculos depois que o reino budista de Pagan conseguiu que a região central inteira fosse unificada.
Depois que as terras do actual Myanmar foram brevemente dominadas pelos mongóis, entre os primeiros anos do século XIII e os últimos anos do século XIV, uma dinastia originária dos shan instalou-se na região central do país sendo que a tradicional cultura birmanesa foi adoptada por essa família de governantes. Uma segunda dinastia, originária dos mons, estabeleceu-se na antiga capital, Bagan.
Na metade do século XVI, o rei Tabinshwehti, de uma província do sul, e seu filho, conseguiram, com auxílio dos portugueses, que o país fosse reunificado. O reino de Pegu ficou a partir de 1599 sob a gestão do Império Português do Oriente.
Novos combates entre reinos e etnias ocorreram antes do controle total pela dinastia criada por Alaungpaya. O seu poderio foi expandido para oeste, e isso deixou contrariados os interesses britânicos no golfo de Bengala, de modo que, depois de três guerras — que se travaram entre 1824 e 1826, em 1852 e em 1885 — todo o território se submeteu ao controle britânico, que o denominou de Burma (Birmânia).
Salvador Ribeiro de Sousa
foi o primeiro, nasceu em Ronfe, Guimarães, no século XVI. Foi militar, Comendador da Ordem de Cristo, aclamado Rei pelo povo do Reino do Pegu sendo conhecido na Birmânia pelo nome de Massinga. Segundo Benjamim Videira Pires:
“Como o único herdeiro do verdadeiro rei do Pegu fora morto pelo rei de Tungu, seu cunhado, os peguanos, atendendo às grandes vitórias de Ribeiro de Sousa, que reputavam de invencível, reuniram-se e aclamaram-no rei de Massinga do Pegu”.
Pouco depois, chegava da Índia Filipe Brito Nicote, nomeado pelo vice-rei capitão-geral daquelas conquistas. Modesto como sempre foi, Salvador Ribeiro de Sousa entregou-lhe o reino e, meses depois, regressou a Portugal na primeira nau que ali aportou.
Filipe de Brito Nicote nasceu em Lisboa por volta de 1566 e morreu em 1613 na Birmânia, onde foi rei por volta do ano de 1600 com o nome de Nga Zingar.
Sebastião Gonçalves Tibau foi o terceiro português que se tornou rei da Birmânia, natural de Santo António do Tojal e filho de pais humildes. Sebastião Gonçalves Tibau fundou ainda na ilha de Sandwip (ou Sundiva) uma república de piratas, cerca de 3 mil, da qual ainda hoje existem descendentes.
Nesta parte do mundo os portugueses foram tão queridos como odiados.
No reinado dos Filipes em Portugal, acentuou-se esse ódio.

A MARCA DE PORTUGAL NA EX-BIRMÂNIA



Desde o início da expansão ultramarina no oriente, Portugal regista alguns episódios na história que relatam exploradores portugueses, destemidos e aventureiros que partiram à descoberta do mundo. Quando mais exploravam, mais ficavam maravilhados com novas paisagens, novas gentes e novos costumes e tradições.
Foram deixadas heranças em várias aldeias do interior da Birmânia, entre vários soldados exploradores, destacam-se nesta zona Salvador Ribeiro de Sousa e Filipe de Brito de Nicote, que ali chegaram há quatro séculos e cuja identidade persiste ainda hoje.


Actualmente encontram-se as comunidades que mantêm vivas a alma e o sangue portugueses. Para além das características físicas, o crioulo de origem portuguesa e algumas tradições, mantêm viva a ligação aos seus antepassados. Em alguns locais, inclusive, é comum cantarem em português e a religião católica é predominante.



Nota: Por indicação do nosso companheiro João Novo, fiz este arranjo histórico. Convido o nosso João Guedes a fazer uma dissertação sobre este tema, próximo de Macau que ele tanto conhece!...

Texto com diversas pesquisas e acumulação de fotos feito por V. Oliveira

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