quarta-feira, 30 de março de 2022

GEN. LOIUS HENRI LOISON - O MANETA

1771-1816

Este militar do Exército Francês, esteve em Portugal nas 2 primeiras invasões Napoleónicas e demonstrou ser o mais terrível de todos. Na primeira sob o comando de Junot semeou o pânico de Norte a Sul do país com particularidade, no Peso da Régua e Elvas e Évora em que o pavor a raiva e selvajaria foram levados ao limite. 
Na 2ª. invasão integrado no exército de Soult esteve somente 41 dias, os estragos foram mais reduzidos, mesmo assim as populações de Chaves, Amarante e arredores tiveram razão de queixa. 
Pela visão da França ele foi um herói, participou nas principais campanhas de Napoleão, na Revolução francesa, ganhou os galões nos campos de batalha da Itália, Vestefália, Suiça, Prússia, Áustria, Tirol. Era sempre o primeiro a investir de um vigor atacante tenebroso que até assustava os seus iguais. Não tinha piedade e não gostava de deixar prisioneiros para trás. O seu nome está inscrito no Arco de Triunfo em Paris. 

Morreu cedo, nas suas terras em Liége na actual Bélgica, não muito longe de Mastrich onde faleceu um seu conterrâneo D. Artagan na guerra dos 30 anos, cavaleiro imortalizado por Alexandre Dumas nos 3 mosqueteiros.
Há duas versões sobre a falta de um braço. Uma que foi um acidente de caça na terra natal e outra na Batalha de Marengo.
Quando as tropas francesas começaram a receber flagelações e serem alvos das revoltas, Junot incumbiu o Loison de as livrar. Na 1ª. invasão, em Santarém, cumpriu a sua fama, começaram as violações, os roubos e fuzilamentos.
Com a iminência do desembarque dos Ingleses o que aconteceu em Lavos, Figueira da Foz, Junot quis assegurar a frente do Norte até ao Porto. Loison foi mais uma vez o escolhido, avançou de Almeida para a cidade do Porto, através de Celorico, Trancoso e Peso da Régua, na subida para Amarante tiveram recontros com as tropas do Gen. Silveira em Mesão Frio e Teixeira. Foram brindados com pedras e obstáculos nos desfiladeiros. Na tentativa de subir os montes para retaliar, nada puderam fazer com os populares, colocados em pontos estratégicos com forquilhas e enxadas puderam aniquilar os soldados cansados e confusos. Na retirada para a Régua as hordas trataram de pilhar a cidade, depois Lamego e Castro de Daire, com muitos mortos na população, roubos e prosseguiram para Celorico da Beira e depois para Almeida.
Não chegaram ao Porto.
Em Almeida a estadia pouco durou, foi convocado para ir a Lisboa preparar e suster as insurreições do Alto Alentejo, pelo caminho continuou a flagelar e pilhar alimentos. Em algumas aldeias os habitantes começaram a matar os retardatários e Loison em Atalaia (Pinhel) parou as tropas cerca de 3.000 homens e reuniu todos os homens , mulheres, velhos e crianças e matou-os a golpes de sabre, para exemplo dos camponeses onde iria passar. Ainda atacou Pinhel, Souropires, aí incendiou o Palácio dos Távoras. 
Num dos estágios em Almeida e Pinhel, fez explodir o forte espanhol de La Concepção grandioso monumento militar que dista 10 km de Almeida, construído durante as guerras de Restauração Sec. XVII mesmo em frente da aldeia portuguesa de Vale da Mula. 
Não foram tudo rosas para os franceses, tiveram num hospital de campanha na estrada Pinhel, Meda onde ficaram os feridos seus na retirada. Existe ainda o edifício em semi-ruínas em estado digno de aspecto. Em frente encontra-se uma quinta com uma grande vinha de casta Síria. Em sintonia com acontecimentos esta quinta está baptizada desde tempos imemoriais de Quinta do Marechal. 
Em Lisboa, dirigiu-se para Évora, Vila Viçosa e Elvas já com 3.800 homens para reprimir as rebeliões que grassavam nestas cidades. Organizou o cerco ás muralhas de Évora, cujas tropas sitiadas luso-espanholas, a 29 Julho 1808 muito mal comandadas abriram fuga aos primeiros tiros. Essa batalha foi a mais sangrenta de todas as invasões francesas. Causou entre mortos e feridos graves 4.000 baixas militares e civis. Os franceses ai perderam só 86 homens.

Loison por estar em outras missões não participou nas batalhas cruciais de Roliça e Vimieiro na 1ª. Invasão Francesa. Saiu livremente para cidade Rodrigo assim como as restantes divisões de Junot após a vergonhosa Convenção de Sintra, que permitiu serem transportadas por navios do Almirantado Inglês de Lisboa para Bajona no Pais Basco e para o mesmo lugar guarnições estacionadas mais a norte e Almeida, embarcaram no Porto.

Hoje ainda está bem presente o significado: “ se não te portares bem, vais para o maneta “ quer dizer o fim sem contemplações. 



Toneta
Março 2022


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