terça-feira, 16 de junho de 2020

A LENDA: “TRIPAS Á MODA DO PORTO” e “TRIPEIROS”





Uma lenda envolta em factos históricos e que nos conta como os habitantes do Porto ganharam a alcunha de “tripeiros”
Corria o ano de 1384. O Reino de Castela, aproveitando as disputas pelo trono português deixadas com a morte de D. Fernando I, invade Portugal tomando de assalto as cidades mais importantes do país: Lisboa, Porto e Coimbra. Sitiadas as cidades e isoladas umas das outras, coube aos cidadãos arranjarem meios de lutar com os seus próprios meios e sem contar com a ajuda externa. 
Foi a cidade do Porto a primeira a conseguir livrar-se dos invasores, fazendo jus ao cognome que séculos depois lhe atribuíram e que D. Maria II ratificou: a Cidade Invicta, ou seja, a não conquistada, devido aos múltiplos feitos valorosos dos seus habitantes que sempre souberam resistir aos invasores, fossem eles espanhóis, franceses e ingleses; e de ser sempre o último bastião de protecção do reino em guerras civis. 
Lisboa, por seu lado, onde as forças das armadas de Castela se concentraram mais, teve mais dificuldade em repelir os castelhanos e permaneceu sitiada durante vários meses, vendo a sua população a sucumbir pela fome e pela peste. Vindo em auxílio dos lisboetas vieram então várias galés do Porto, com soldados e mantimentos para repelir o invasor e dar de comer a uma população a morrer de fome. 
Salvou-se assim a população de Lisboa graças à valentia e ao sacrifício dos portuenses que deram toda a carne que restava nos armazéns da cidade do Porto, guardando para si, engenhosamente, os “miúdos” dos animais, ou seja: os órgãos e as tripas; geralmente deitados fora.
A mesma história contada de outra forma
Lenda dos Tripeiros
No ano de 1415, construíam-se nas margens do Douro as naus e os barcos destinados à conquista de Ceuta. A razão deste empreendimento era secreta e nos estaleiros os boatos eram muitos e variados. 
Um dia, o Infante D. Henrique apareceu inesperadamente no

Porto para ver o andamento dos trabalhos e, embora satisfeito com o esforço despendido, achou que se poderia fazer ainda mais. Então, o Infante confidenciou ao mestre Vaz, o fiel encarregado da construção, as verdadeiras razões do empreendimento. Pediu ao mestre e aos seus homens mais empenho e sacrifícios.
Mestre Vaz assegurou ao Infante que iriam fazer o mesmo que tinham feito cerca de trinta anos atrás, aquando da guerra com Castela. Dariam toda a carne da cidade para abastecer os barcos e comeriam apenas as tripas.
Comovido, o infante D. Henrique disse-lhe que esse nome de "tripeiros" - alcunha que lhes tinha sido dada há trinta anos - era uma verdadeira honra para o povo do Porto.
E, tal como narra a própria História de Portugal, mercê do invulgar sacrifício dos heróicos Tripeiros, de facto, no dia 10 de Julho de 1415, fundeava em Lisboa a grande frota do infante D. Henrique, com as suas sete galés e as suas vinte naus, a caminho da conquista de Ceuta…
Estátua da conquista de Ceuta – Lgo. António Calém – Porto







Notas: Fonte Biblio MARQUES, Gentil Lendas de Portugal Lisboa
Pesquisa – João Novo

Arranjos – Vítor Oliveira e Antonino Bernardes 


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