PIONEIROS / EXPLORADORES
DANIEL BOONE – 1734 – 1820
Daniel Boone nasceu no dia 22 de Outubro de 1734 e faleceu em 26 de Setembro de 1820.
O seu pai, Squire Boone (1696-1765), emigrou em 1713 para a Pennsylvania, com proveniência de uma pequena cidade inglesa chamada de Bradninch, em Devon. Os seus avós, George e Mary Boone, seguiram o caminho do filho Squire Boone, e fixaram-se na mesma região da América, em 1717.
Squire, pai de Daniel Boone, trabalhou como tecelão e ferrador, vindo a casar com Sarah Morgan, cuja descendência provinha da família Quakers, originária de Gales.
Após o casamento residiram numa cabana rústica em Oley Valley, a oitenta quilómetros de Filadélfia, hoje apelidada de solar de Daniel Boone, no condado de Berks, Pennsylvania, onde Daniel nasceu.
Daniel Boone era um rapazito ruivo e de olhos azuis. Tinha muitos irmãos, e entre eles, Isabel, Maria, Jorge, Samuel, Eduardo, Jonathan, Squire e o Israel (o mais velho).
SOLAR DE DANIEL BOONE |
Mais tarde, toda a família seguiu para o Estado da Carolina do Norte quando a cidade onde viviam começou a ser muito povoada.
Construíram uma casa de madeira perto do rio Yadkin, nos arredores da cordilheira Blue Ridge, e a cidade mais próxima era Salisbury.
Os índios destas paragens pertenciam à tribo dos Shawnees.
Em 1755 os franceses incitaram os índios para atacarem os colonos ingleses porque queriam ter o domínio do território onde se caçavam os animais, cujas peles eram muito apreciadas - gamos, ursos, castores, bisontes, esquilos, e outros. Este território situava-se entre o Mississipi e as montanhas Allegheny.
No decurso da guerra entre franceses e ingleses, Daniel Boone, com 21 anos, alista-se nas tropas inglesas juntando-se ao General Braddock e partiu para o forte Duquesne a fim de tomarem posse das terras que se situavam para além das montanhas dos Apalaches, (1754 a 1763). Tornou-se oficial militar durante esta guerra revolucionária americana, lutando no Estado do Kentucky, envolvendo como tropas - colonos britânicos e índios americanos aliados.
A par do General Braddock, havia o já conhecido Coronel Jorge Washington, fazendeiro do Estado da Virgínia.
Daniel, antes de se oferecer para a guerra, já namorava com Rebeca Bryan (Becky). Ao regressar casou-se e nasceram-lhe dois filhos, Jaime e Israel, na altura em que os índios Cherokees entraram em escaramuças com os brancos.
Sempre com o intuito de explorar regiões inóspitas, caçando em simultâneo, Daniel recomeçou as suas pesquisas. Agora, já com a idade de 26 anos.
Numa das caçadas deparou-se com um urso corpulento em que se debateu ferozmente. Depois do ter morto, escreveu numa faia umas frases que diziam : “ D. Boon matou um Orço aupé desta árvore no ano de 1760”.
Entre outras histórias, também se conta que em 14 de Julho de 1776, Jemima, filha de Boone, e mais duas raparigas foram capturadas nos arredores da aldeia de Boonesborough, por um bando de índios da raça Shawnees e que as levaram em direcção do Estado de Ohio. Daniel Boone e um grupo de batedores seguiram-lhes a pista, perseguindo-os durante dois dias, e fizeram-lhes o cerco enquanto comiam. Recuperaram as raparigas e debandaram os peles vermelhas. Este episódio tornou-se tão conhecido sobre a vida de Boone, que James Fenimore Cooper criou uma versão de ficção a que se deu o nome de “O último Moicano”, em 1826.
Rapto de Jemima |
Nesta época, Daniel Boone já tinha seis filhos e o seu desejo era conhecer as ricas terras do Kentucky. Os filhos chamavam-se Jaime, Jemima, Levina, Susana, Israel, e Daniel Morgan.
Para alcançar o Kentucky precisava de encontrar a passagem apelidada de “ A senda do Guerreiro” e, para isso, acompanhou-o o amigo John Finley, descendo o rio Ohio.
Partiu em Maio de 1769 com seis homens para descobrir a região do Kentucky. A “senda do guerreiro” era a célebre Garganta de Cumberland.
Garganta de Cumberland |
Pioneiro e caçador explorou as florestas
ocupadas pelos nativos indígenas, e na sua exploração, abriu caminho através das margens do rio Cumberland até ao Estado de Kentucky, onde fundou a colónia de Boonesborough, um dos primeiros colonatos de língua inglesa na região das montanhas Apache, e o mais longínquo Estado ocidental fronteiriço, e uma das treze colónias inglesas que iniciaram a formação do que viria a tornar-se nos E.U.A. A abertura desta rota, explorada por Daniel Boone, fez com que antes do final do século XVIII emigrassem duzentos mil colonos para o Estado de Kentucky.
Esteve embrenhado nas terras virgens do Kentucky, sozinho, durante dois anos, explorando e caçando. Tempo depois, partiu com a família e alguns amigos e foram os primeiros colonos a fixarem-se junto ao rio Kentucky. Durante a viagem foram atacados por índios onde morreram alguns dos viajantes e o seu filho Jaime. Boone conversou com o seu velho amigo juiz Ricardo Henderson a fim de comprarem a região do Kentucky aos índios Cherokees. Estes, que não habitavam no Kentucky e apenas ali iam caçar, concordaram em vender. Os chefes reuniram-se com Henderson num local chamado Areinho dos Sicómoros, para discutirem o preço. Foi na data de Março de 1775.
Junto, passava o rio Watanga. O negócio foi feito com o chefe dos Cherokees – “Attakullakula, o pequeno carpinteiro”. A troca de terra foi com a oferta de espingardas, camisas, mantas, facas e berloques.
DANIEL BOONE |
Entretanto, a Guerra da Independência desencadeara-se ainda antes dos Boone se mudarem para o Kentucky. O Congresso das treze colónias americanas resolvera sacudir o jugo inglês e fizera a Declaração de Independência.
No Kentucky formaram-se mais duas povoações – Harrodsburg e Logan´s Station, situadas a 60 quilómetros para oeste de Boonesborough.
Em Maio de 1777 os índios do Norte de Ohio, os Shawnees, instigados pelos ingleses, começaram a atacar as aldeias do Kentucky.
Daniel Boone foi capturado pelos índios sob o comando do chefe “Peixe Negro”. Levaram Boone e os seus companheiros para a aldeia índia do “Pequeno Chillicothe”, situada a Norte do rio Ohio.
O chefe “Peixe Negro” considerou Boone como seu filho e puseram-lhe o nome de “Sheltowee – Grande Tartaruga”.
Na Primavera a seguir à sua captura, Daniel Boone conseguiu fugir da aldeia índia. Percorreu cerca de trezentos quilómetros até chegar à sua aldeia a fim de avisar do eminente ataque dos índios e, aqui, foi recebido pelo seu irmão Squire Boone. Nesta altura, a sua mulher Rebeca e os seus filhos tinham partido para a Carolina pois, já se tinham passado cinco meses que Boone estivera capturado. A Jemima, filha de Daniel Boone, tinha permanecido no forte.
Em Setembro havia rumores de que cerca de quatrocentos índios Shawnees estavam para atacar o forte. Entretanto, com o reforço de homens vindos de outros aldeamentos, contavam-se para a defesa com trinta homens, vinte rapazes e algumas mulheres e crianças.
Após vários ataques, os guerreiros Shawnees foram repelidos e desistiram dos seus intentos.
Algumas semanas mais tarde, Daniel Boone, a caminho do Missouri, foi ao encontro da mulher e filhos. Regressou com a família para o Kentucky, novamente.
Neste regresso, do Estado da Carolina do Norte a caminho do Kentrucky, no Outono de 1779, Boone conduziu um aglomerado de colonos, no qual vinham os avós daquele que viria a tornar-se um dos Presidentes americanos – Abraham Lincoln.
Houve outros combates, mas os colonos saíram sempre vencedores. Na batalha dos Pântanos Azuis, travada em 1782, os americanos foram derrotados, perdendo a vida muitos dos seus melhores combatentes. Daniel viu o seu filho mais velho, Israel, cair morto, e a Guerra da Independência atingia o seu termo, tendo as treze colónias formado os Estados Unidos. Foi durante esta guerra que Daniel foi eleito para o primeiro dos seus três mandatos na Assembleia Geral do Estado de Virgínia.
Dez anos após os combates, Kentucky, foi admitido na União.
Terminadas as contendas, Boone trabalhou como comerciante e como inspector, mas ficou profundamente endividado actuando como especulador de terras, no Kentucky. Frustrado com problemas jurídicos resultantes da sua reivindicação de terras, em 1799, Boone, reinstalou-se nas margens do rio Big Sandy, no Missouri, onde passou os seus últimos anos, juntamente com a sua mulher Rebeca, os seus filhos, Nathan, Daniel Morgan e Jemima, assim como o seu irmão Squire Boone.
Boone faleceu em 1820 na casa de Nathan Boone, em Femme Osage Creek. Foi sepultado junto de Rebeca, sua mulher, falecida em 18 de Março de 1813. Em 1845, os restos mortais dos Boones foram trasladados para Frankfort no Estado de Kentucky.
Sepultura de Daniel Boone |
Boone continua a ser uma figura icónica na história americana. Foi uma lenda na sua própria vida, especialmente depois de uma das suas aventuras ter sido publicada em 1784 em forma de conto, tornando-o famoso na América e na Europa. Após a sua morte, foi ombreado de contos e obras de ficção. As suas aventuras reais e míticas criaram o arquétipo do herói do Oeste Americano folclórico. Na cultura popular americana, é lembrado como um dos primeiros desbravadores de fronteiras, apesar de muitas vezes, a mitologia eclipsar os verdadeiros detalhes da sua vida.
Até breve
O amigo Vítor Oliveira -- Ocart
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