As Salinas da Fonte da Bica estão no vale Tifónico, no sopé da Serra dos Candeeiros, a três quilómetros de Rio Maior.
Nomeadas de Salinas da Fonte da Bica, mais conhecidas por Salinas de Rio Maior, possuíam principalmente proprietários da Fonte da Bica e como se localizava relativamente perto, nos documentos e escrituras é aplicado o termo correcto e original, de Salinas da Fonte da Bica.
A LENDA
Segundo ele, uma pastora que por ali guiava o seu rebanho terá sentido sede e procurado água numa nascente situada imediatamente a Leste da povoação designada como Fonte da Bica.
Ao provar a água, constatou que a mesma era muito salgada, tendo informado a sua família que imediatamente acorreu ao local.
A HISTÓRIA
Estas salinas são o Testemunho antigo de um mar pré-histórico que terá existido no local, razão que explica a alta concentração de potássio e a qualidade deste sal.
As Salinas de Rio Maior têm oito séculos de História. Em 1177, Pêro d’Aragão e sua mulher Sancha Soares venderam aos Templários “a quinta parte que tinham do Poço e Salinas de Rio Maior, cujo Poço partia pelo Este com Albergaria do Rei, pelo Oeste com D. Pardo e com a Ordem do Hospital, pelo Norte com Marinhas da mesma Ordem e pelo Sul com Marinhas do dito D. Pardo”. Assim diz Pinho Leal, citando o escrito comprovativo dessa venda. Este Documento, que é o mais antigo que se conhece referente a Rio Maior, encontra-se arquivado na Torre do Tombo em Lisboa.
Este contrato situa-se no limiar da nossa nacionalidade, já Lisboa e Santarém tinham sido conquistadas aos mouros por Dom Afonso Henriques, e ainda este não tinha
sido reconhecido Rei pelo Papa, o que aconteceu só em 1179.
A Ordem dos Templários, proprietária de parte do Poço e Salinas como atrás se referiu, foi extinta em 1312, tendo todos os seus bens passado para a Coroa, sendo entregues à Ordem de Cristo em 1319, por ordem de Dom Dinis.
No entanto, Mariana Alcoforado em 1877, no seu Museu Tecnológico citado por Mário Vieira de Sá, no livro “ Sal Comum “, refere que as Marinhas pertenceriam à Casa de Bragança até à proclamação de Dom João IV, tendo-as este Monarca vendido ao Conde de Vimioso, “cujos herdeiros as terão alienado mais tarde a diferentes proprietários a quem hoje pertencem”.
Sendo o Rio Maior navegável até parte do seu percurso, é natural que fosse utilizado para comunicação com o Tejo, porta de saída principal para o comércio externo no qual se incluiria o sal pela sua extraordinária qualidade.
A ACTUALIDADE
Esta Mina de Sal-Gema, é extensa e profunda, atravessada por uma corrente subterrânea que alimenta um poço, e a água que se extrai dele é salgada sete vezes mais salgada que a do mar.
Essa água salgada corre por regueiras e enchem compartimentos (talhos) feitos de cimento ou pedra, de tamanho variado e poucos profundos.
Da sua exposição ao sol e ao vento e consequente evaporação da água obtêm-se o sal, depositado no fundo dos talhos, o qual depois é colocado em montes, em forma de pirâmides, para secar até ser recolhido.
Os esgoteiros, as eiras e as casas de madeira para armazenagem do sal completam o conjunto do que é denominado Marinhas de Sal de Rio Maior.
Nas Salinas de Rio Maior há sal sem mar!...
Classificadas como Imóvel de Interesse Público desde 1997, as Salinas de Rio Maior são hoje um dos pontos mais interessantes e incontornáveis no panorama turístico do Centro de Portugal.
Interessante, para além das velhas estruturas de madeira suportadas por troncos de oliveiras que preservam a sua forma rústica original, é a manutenção
do sistema complexo de fechaduras em madeira, inventadas e desenvolvidas para evitar a utilização de materiais feitos de metal que estão muito expostos à oxidação reforçada
aqui pela presença permanente do sal.
Nota: Pesquisa feita a um texto de “Leonor Especial”, no qual resumi e acrescentei imagens para enriquecimento do mesmo.
Vítor Oliveira



























