O legado mais fascinante deixado por este povo em Portugal foi,
sem dúvida, a Póvoa de Varzim.
Os vikings foram guerreiros marinheiros da Escandinávia que
entre o final do século VIII e o século XI pilharam, invadiram e colonizaram as
costas da Escandinávia, Europa continental e ilhas Britânicas. Embora sejam
conhecidos principalmente como um povo de terror e destruição, também fundaram
povoados e praticaram o comércio pacificamente.
As siglas
poveiras
Desde há
muito que estas siglas fascinam cientistas. As siglas poveiras ou marcas
poveiras são uma forma de “proto-escrita primitiva”, tratando-se de um sistema
de comunicação visual simples usado na Póvoa de Varzim durante séculos, nas
classes piscatórias, e outrora na vasta maioria da população.
Herança
da marca
As siglas
são brasões de famílias hereditárias, transmitidas por herança de pais para
filhos, carregados de simbolismo, onde só os herdeiros as podem usar.
Siglas e
religião
Locais úteis
para o estudo das siglas são os templos religiosos localizados não só na cidade
e no seu concelho, mas também por todo o noroeste peninsular, em especial no
Minho mas também na Galiza (muitos galegos emigraram para a Póvoa).
Os poveiros,
ao longo de gerações, costumavam gravar nas portas das capelas perto de areais
ou montes a sua marca como documento de passagem, como se pode verificar, por
exemplo, no monte da Santa Trega (Santa Tecla) em Espanha.
Originalmente a inscrição estava na porta da capela de Santa
Trega. Mas, para ser protegida de danificações, foi levada para o Museu do Povo
Galego em Santiago de Compostela.
Mas há
muitas mais pelo Minho fora. Desde Santo Tirso, no Mosteiro de São Bento, a
Guimarães e a Esposende.
No concelho poveiro propriamente dito, e fora de igrejas ou capelas,
estas siglas podem ainda ser encontradas na calçada portuguesa, em placas
toponímicas, em barcos piscatórios, bordados tradicionais, em restaurantes,
hotéis ou mesmo nas soleiras de casas.
É o barco
típico da Póvoa. Ter-se-á desenvolvido a partir do dracar viking, sem a popa e
a ré pronunciadas, e com a adição da vela mediterrânica.
A lancha
poveira outrora familiar nas praias da Póvoa e que chegou até a ser usada no
início do século XX no Rio de Janeiro desapareceu praticamente na década de
1950, restando apenas uma embarcação.
Dados antropológicos e culturais indicam a colonização de pescadores
nórdicos durante o período de repovoamento da costa. Desde o século XIX, devido
às diferenças étnicas visíveis em relação às populações circundantes,
levantaram-se origens diferentes para a origem da população: suevos,
prussianos, teutões (povo originário da Jutlândia - actual Alemanha e
Dinamarca), normandos e até mesmo fenícios. No livro Races of Europe
(1939), os poveiros foram considerados ligeiramente mais loiros do que a média
europeia, possuindo grandes rostos de origem desconhecida e queixos robustos.
Numa pesquisa publicada no jornal O Poveiro (1908), o antropólogo Fonseca Cardoso ressalvou o facto de um elemento antropológico, especialmente o nariz aquilino, ser possivelmente de origem semita-fenícia. Considerou que os poveiros eram o resultado de uma mistura de fenícios, teutões, e, principalmente, normandos.
Ramalho Ortigão quando escreveu sobre a Póvoa no livro As Praias de Portugal (1876), afirmou que o que lhe causou mais curiosidade foram os pescadores, uma "raça" especial no litoral português; completamente diferente do tipo mediterrâneo típico de Ovar e Olhão.
De acordo com ele, o poveiro é do tipo "saxónico": "é ruivo, de olhos claros, ombros largos, peito atlético, pernas e braços hercúleos e as feições arredondadas e duras."
Nota:
Compilação e arranjo feito por V. Oliveira
Obrigado Vitor. História é história. SS
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