O último dos grandes exploradores portugueses em África foi Henrique Augusto Dias de Carvalho. Destacou-se pela viagem realizada à região angolana da Lunda (1884-1887) fazendo uma ampla divulgação da geografia da região e da cultura dos povos que a habitam. Esta viagem de exploração destinou-se ao estabelecimento e assinatura de protocolos com os povos de Malanje à Lunda.
Silva Porto, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto foram alguns dos nomes que chefiaram missões que procuravam implantar a influência portuguesa em África, a partir de colónias litorais como Angola e Moçambique.
A ambição passava por ligar o território angolano à contra costa, ou seja, colonizar África de oeste a leste sob a égide da bandeira portuguesa, demonstrando domínio sobre o território e os seus ocupantes. Mas o conflito de interesses era latente e o poderio bélico dos rivais europeus antecipava dificuldades diplomáticas, sobretudo num império ainda reticente em explorar os seus domínios africanos.
Em 1885, pela primeira vez, o chefe lunda estava face a face com portugueses. Pouco depois, cumprimentou também pela primeira vez Henrique de Carvalho.
A região da Lunda foi dividia entre as influências belga, e portuguesa. Ao assinar o Tratado de Comércio, o líder lunda Xa Madiamba desejava solicitar a protecção de Portugal na Lunda: "O Muatiânvua e todos os grandes do Estado da Lunda representados pelos que firmam este auto reconhecem a Soberania de Portugal e pedem ao seu Governo que torne efectiva a ocupação da Lunda como terras portuguesas conservando entre os indígenas o que tem sido de seu uso e não importe embaraços á administração portuguesa, e mantenha a integridade dos territórios como propriedade do antigo ESTADO DO MUATIÂNVUA."
A Inglaterra avançava
prodigiosamente na conquista africana e, menos de dois anos depois, em 1890,
Lord Salisbury entregava ao jovem rei D. Carlos o famoso ultimato, que obrigava
Portugal a ceder as suas pretensões sobre os actuais territórios do Zimbabwe e
da Zâmbia.
Apesar do fracasso africanista da coroa portuguesa,
Henrique de Carvalho não sabia então que dera um contributo importante para o
conhecimento científico e humano da África Central, assim como não podia
adivinhar que as suas diligências levaram a que a Lunda fosse reivindicada com
sucesso pelos portugueses.
A posterior definição de fronteiras integrou na administração portuguesa grande parte do território percorrido. Hoje, a Lunda faz parte da República Popular de Angola. O esforço do explorador não foi por isso em vão: foi, ao invés, o suporte para uma das maiores pretensões territoriais do século XIX, a compensação possível para um império em desagregação."
Actualmente o trono da Lunda Tchokwe, é reconhecido mundialmente nos termos de sucessão colectiva e de fundamentos jurídicos dos tratados de protectorado de 1885 – 1894.
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Hotel Central em 1968 |
Fonte: A missão esquecida do
explorador Henrique de Carvalho
de
Daniel Jorge Marques Filho
Recolha na Nova Portugalidade
Nota: Arranjo e composição de texto
e fotografias de V. Oliveira
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