Ficou conhecido por José ou Zé do Telhado um dos mais famosos salteadores do período pós guerra civil, um conflito que colocou absolutistas e liberais em campos opostos na primeira metade do século XIX. Liderava uma quadrilha que distribuía parte do saque pelos pobres, um gesto que lhe granjeou reconhecimento popular.
José Teixeira da Silva (1818-1875) nasceu na aldeia do Telhado, em Penafiel. De origens humildes, aos 14 anos foi viver com um tio, para aprender o ofício de tratador de animais e castrador. Em 1845 Casou-se com a prima Ana Lentina de Campos, com a qual teve cinco filhos.
Nos Lanceiros da Rainha de Lisboa iniciada no quartel de Cavalaria 2, começou a carreira militar. Combateu contra os “Setembristas” em defesa da restauração da Carta Constitucional, em Julho de 1837. Posteriormente envolveu-se no complicado processo da guerra civil que opôs liberais a absolutistas, e acabou por sair do país após a derrota da sua facção, refugiando-se em Espanha.
Ao regressar, grassava a revolta contra o governo anticlerical de Costa Cabral. Quando estala a Revolução da Maria da Fonte, Março de 1846, vê-se envolvido como um dos líderes da insurreição. Coloca-se às ordens do General Sá da Bandeira, que também tinha aderido. Assume o posto de sargento e distingue-se de tal forma na bravura e qualidades militares que, na expedição a Valpaços, recebe a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor Lealdade e Mérito, a mais alta condecoração que ainda hoje vigora em Portugal. Mas entra em desgraça, amontoa dívidas de impostos que não consegue pagar e é expulso das forças armadas.
Foi após o exílio de D. Miguel que José Teixeira da Silva regressou a casa, assumindo a liderança de uma quadrilha responsável por vários assaltos no norte do país, durante um período muito conturbado que coincidiu com a fase de maior resistência de D. Miguel, no exílio com o seu governo: os partidários miguelistas tentavam formar grupos de guerrilha em todo o país e começa a ser conhecido como “Zé do Telhado”. Durante uma dessas surtidas o seu grupo mata um criado e o bando passa a ser procurado com mais insistência pelas autoridades. Acossado, tenta escapar, mas é preso em 1859 a bordo do navio no qual pretendia chegar ao Brasil. Conta-se que devido à traição do seu lugar-tenente, José Pequeno.
Da prisão para o degredo em Angola.
Preso na Cadeia da Relação, conhece Camilo Castelo Branco, que se lhe refere no livro "Memórias do Cárcere" e que tinha sido detido por adultério, o que acaba por lhe salvar a vida. É o advogado-escritor que o vai defender em tribunal e, contra todas a expectativas, não é condenado à morte.
Em 9 de Dezembro de 1859 é julgado e condenado a degredo perpétuo na África Ocidental Portuguesa, pena que haveria em 1863, de ser comutada para 15 anos de degredo em Angola, país onde viria a reconstituir a sua vida.
Em 9 de Dezembro de 1859 é julgado e condenado a degredo perpétuo na África Ocidental Portuguesa, pena que haveria em 1863, de ser comutada para 15 anos de degredo em Angola, país onde viria a reconstituir a sua vida.
Viveu em Malanje, negociando borracha, cera e marfim. Casou-se com uma angolana, Conceição, de quem teve três filhos. Conhecido entre os locais como o "kimuezo" - homem de barbas grandes, viveu desafogadamente. Faleceu aos 57 anos, vítima de varíola, sendo sepultado na aldeia de Xissa, município de Mucari, a meia centena de quilómetros de Malanje, sendo-lhe erguido um mausoléu, que se tornou num local de romagens.
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