terça-feira, 20 de julho de 2021

OBSERVATÓRIO DA MULEMBA de BETTENCOURT FARIA


Em Saurimo, tomei conhecimento da existência de um observatório astronómico criado por um grande Senhor, autodidacta, conhecedor do ofício e prestigiado a nível internacional.
Captei nas entrelinhas dum jornal angolano que teria sido ele a recolher uns destroços duma cápsula pertencente à NASA e que teriam dado à costa nos mares de Angola. Noutras ocasiões, e em circunstâncias especiais de colaboração a nível internacional, soube da sua “participação” num voo que foi realizado pelo célebre Concorde, por alturas dum grandioso eclipse solar, levando a bordo dezenas de cientistas que se fizeram deslocar do Quénia para a outra margem de África, numa movimentação contrária à rotação terrestre, e para melhor estudar o fenómeno.

Pois bem, quem foi este grande Homem conhecido por Bettencourt Faria, e qual a sua obra?



O Centro Espacial da Mulemba, situado a treze quilómetros de Luanda, foi o sonho de um homem que já nasceu génio. Viveu a sua infância na Ilha de S. Miguel e já nesta altura se percebia o seu espírito inventivo. Construiu o seu próprio violino, reparou um aparelho de fisioterapia de seu avô médico, tocava piano, pintava e já fazia pequenas esculturas – tudo isto em criança. 
Já em adulto, parte para Angola para trabalhar na Diamang, e a par do seu trabalho, desenvolve o seu “hobby” dedicado à astronomia e biologia marítima. Torna-se tão evoluído que os dirigentes da Refinaria Petrofina, em Luanda, o contrataram para funções altamente especializadas. Entretanto, vai arquitectando a forma de construir um Observatório astronómico naquela região (Mulemba). O Empreendimento teve por finalidade fazer estudos solares, nomeadamente: fotografias integrais diárias; contagem de manchas solares; heliografia; espectrografia, recepção de ondas electromagnéticas; fazer qualquer espécie de astro—fotografia; proceder a estudos de rádio-astronomia e rastreios de satélites artificiais. Neste último trabalho, Bettencourt Faria foi o único português que registou e fotografou em aparelhagem apropriada os sinais emitidos pelo primeiro SputniK russo. Em todo o Continente Africano foi no seu Observatório que se conseguiu realizar este trabalho.
Segundo palavras do Dr. Fernando de Oliveira, um dos directores do Serviço Internacional da Fundação Gulbenkian, disse: “Era um homem extraordinário, tanto no aspecto humano como na sua qualidade de investigador e cientista”. 
Dedicava-se a uma série de actividades que dariam para meia dúzia de sábios. 


A NASA chegou a pedir a colaboração do Centro Espacial da Mulemba e a National Environmental Satellite Service, enviou-lhe uma carta em que dizia: “ Com o esquema do seu sistema APT, Bob Popham e Chuck Vermilliou do Centro de Voos Espaciais de GODDARTD/NASA e eu, chegámos à mesma conclusão: você fez um excelente trabalho não obstante as frequentes dificuldades logísticas (de superintendência) que enfrentamos; ficámos particularmente satisfeitos em verificar a sua opção sobre elementos de lógica – usando, o que consideramos ser componentes seguros e comprovados. O seu Governo, tem muita sorte em dispor de alguém tão competente e dedicado como você na investigação tecnológica; AS NOSSAS FELICITAÇÕES”. 
Este foi o Homem que em Luanda foi barbaramente assassinado em 1976, vítima da desordem e do caos em que Angola foi lançada.
Um dos seus familiares é meu amigo pessoal, residente na minha cidade, e costumamos recordar este génio da astronomia e de outras ciências. Falamos dele, do seu Observatório na Mulemba e dos gloriosos dias passados em Luanda.

Aposto que muitos dos nossos companheiros da FAP nunca ouviram falar de tal cientista!!!



Nota: Compilação e arranjo feito por V. Oliveira 

1 comentário:

  1. Interessantíssima personalidade. Conheci-o em Silva Porto numa conferência que proferiu dedicada já não me lembro a que tema, mas na qual falou sobre as propriedades do número 21 nomeadamente na perda de peso das pessoas após a morte e nas comunicações entre a Terra e o espaço. Nunca mais me esqueci. A conferência deve ter sido em 1972.

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