Kitandeira é uma vendedora ambulante típica de Angola, tendo-se disseminado
pela Diáspora durante a escravatura, sendo conhecida no Brasil pelo nome
aportuguesado de "quitandeira".
É comum serem vistas na capital de Angola, a cidade de Luanda, vestindo
panos garridos e de quinda à cabeça com vários tipos de fruta como os cajus,
mangas, maboques, pitangas e goiabas, tendo um papel extremamente importante no
comércio de géneros de primeira necessidade.
O termo kitandeira, deriva de Kitanda, uma palavra que em kimbundo significa
mercado ou feira.
Origens
As kitandeiras são as vendedoras das kitandas, um local de venda tipicamente
africano comum aos povos mbundu, encontrando-se espalhadas pela região
centro-ocidental de África.
Ainda hoje são vistas a trajar panos vistosos, cercadas por todo o tipo de bens
alimentícios como ovos, galinhas, patos, frutas, batatas e dendém, agachadas
sobre os calcanhares a fazer a sua venda ou a fritar peixe, bolos, a preparar
petiscos, etc., no entanto no passado eram de vital importância para o
comercio, especialmente para o tráfico de escravos, pois abasteciam as cidades
litorais, portos e os navios negreiros.
Nesse período, vendiam de tudo um pouco, desde tecidos, linhas, agulhas,
garrafas, espelhos, contas, pratas, facas, etc. e claro obviamente os bens
alimentícios que garantiam a alimentação dos escravos, pois os traficantes
adquiriam nas várias kitandas de Luanda, Kitanda Grande, Kitanda da Caponta,
Kitanda da Fazenda e no Largo da Alfândega, farinha e peixe-seco entre outros
bens.
As kitandeiras estavam organizadas e dividiam-se conforme as especialidades,
umas vendiam apenas comida pronta, outras peixe, e assim por diante, existindo
inclusive kitandeiras dedicadas especificamente "produtos da terra"
como liamba, tabaco, pemba (argila branca usada em rituais religiosos) e
amuletos.
Esta forma organizativa, pode ser comparada às actuais cooperativas, em que
as kitandeiras prestavam auxilio as menos afortunadas e às colegas na alturas
do parto. Estas "cooperativas" funcionavam por ramo de negócio como
as kitandeiras que vendiam tabaco (Akua-Makanha), batata-doce (Akua-Mbonze),
gengibre e cola (um fruto com efeitos estimulantes consumido em todo o continente
africano). As cores dos panos e adereços também diferenciavam a origem étnica e
a qualidade do tecido diferenciavam as kitandeiras proprietárias (mukwa) das
suas funcionárias (mubadi).
Na Angola dos dias de hoje a kitandeira passou também a ser conhecida por
"zungueira", um termo que é uma deturpação do termo kimbundu
"nzunga", resultado da forma verbal "kuzunga" que significa
circular ou rodear.
In História de Angola (FB)
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