15 de Maio de 756: Surge o Emirado de Córdova
Um emirado fundado em Córdova em 15 de Maio de 756 faz de uma região do que é a actual Península Ibérica, o primeiro Estado muçulmano independente.
Até àquela data, todos os muçulmanos estavam submetidos à autoridade
directa do califa de Bagdad.
Pouco após a morte do profeta Maomé em 632, os seus sucessores, os califas da dinastia dos Omíadas, estabeleceram a sua capital em Damasco, Síria.
Entretanto, uma dissidência nascida na Pérsia conduz, em 750, ao massacre do califa reinante e de toda a sua família. Uma nova dinastia de califas, os Abássidas, chegam ao poder. Ela fixar-se-ia mais tarde em Bagdad.
Um omíada, no entanto, sobreviveu ao massacre. Tratava-se de um neto do
califa Hicham, denominado Abd er Rahman el Dachil ou Abd al Rahman al Daklil.
Após longas peripécias no norte da África, Abd er Rahman el Dachil desembarca
na Península Ibérica.
Como lembrança desses acontecimentos, os omíadas mantiveram na península numerosos fiéis entre o exército de ocupação muçulmana, constituído por soldados de origem iemenita ou berbere.
Abd er Rahman el Dachil junta todas essas tropas sob seu comando e, graças a cúmplices, toma o poder na capital, Córdova, onde se faz nomear como Emir d’al Andaluz.
Abd er Rahman I dotaria a região de uma administração exemplar. Iria também
unir o Islão andaluz e aliviar as tensões entre os muçulmanos de origem árabe
daqueles de origem berbere, vindos da África do norte.
Em 778, Carlos Magno foi vítima de uma deslealdade que lhe custaria boa
parte do exército. O governador de Saragoça – um muçulmano dissidente –
chamara-o para ajudar no combate ao emir de Córdova, prometendo um levantamento
de muçulmanos em apoio aos francos.
As crónicas da época guardam silêncio sobre esse acontecimento pouco glorioso, mais tarde transformado em episódio heróico. Na versão do imaginário popular, Carlos Magno teria conquistado todo o norte da Espanha, com excepção de Saragoça, defendida por um único adversário, o desonesto Marcílio.
A incursão armada de Carlos Magno em Espanha, no ano de 778, ainda que
fracassada, deu frutos inesperados ao longo dos tempos. Um deles foi que o
episódio serviu para ambientar os feitos do lendário conde Rolando, sobrinho do
rei dos Francos, que, cavaleiro fiel, lutou até ao fim contra uma turba de
sarracenos na batalha de Roncesvalles, motivo para a Canção de Rolando, texto
fundador do romance de cavalaria medieval.
Nota: Compilação e arranjo
feito por V. Oliveira, sendo uma das fontes com recolha em “Opera Mundi” e “Estóriasdahistória”.
Sem comentários:
Enviar um comentário