LUANDA ENQUANTO LUGAR DE MEMORIA - A MOEDA EM ANGOLA

Quando os primeiros portugueses chegaram â Ilha de Luanda já havia um sistema monetário controlado. De propriedade do rei do Congo, os cauris ou zimbo eram apanhados apenas pelas mulheres na ilha de Luanda, que avançavam pela água metros e, mergulhando, enchiam de areia uns cestos estreitos e compridos, a que chamavam “cofos” e cada um continha 10 mil zimbos. Em seguida retiravam os zimbos da areia recolhida, sendo os mesmos depois separados segundo o critério de classificação em puro, cascalho e meão. Os zimbos, njimbu ou lumache, pequenas conchas univalve denominadas cientificamente por cypraca moneta ou cypraea exanthema apareciam em toda a costa de Angola, embora os mais belos fossem da ilha de Luanda. Os mais valiosos era de cor cinzenta e eram pescados por mulheres, na contra costa da ilha, por alturas da praia-mar, sendo até frequente algumas serem atacadas por tubarões e tintureiras.

A fim de se evitar a desvalorização da moeda, o rei Muene Congo ordenou aos seus representantes que punissem severamente os traficantes dela e que dificultassem o acesso às praias dos portugueses. Com o passar do tempo o Zimbo começou a ser desvalorizado, e assim, um “cofo”, que no tempo de Mbemba a Nzinga, valia trinta e três cruzados, desce para dez mil réis em 1615. Porém, já em 1616 não valia mais do que três mil réis e seu valor de troca extinguiu-se com o aparecimento de outros meios de permuta e pagamento.

Durante este período muitos foram os produtos aceites como referencial de troca como o sal, o cobre, os panos, os escravos, o marfim, etc.. No ano de 1693 foram cunhadas as primeiras moedas de cobre com os valores de 20, 10 e 5 Reis, no reinado de D. 34 Pedro II. Em 1762 (e em 1763, 1770 e 1771), no governo do Marquês de Pombal, cunhou-se de novo moeda privativa para Angola: exibia, pela primeira vez, o dístico “África Portuguesa” e chamava-se macuta, por referência aos famosos ‘panos do congo’, os makuta. A macuta circulou em Angola até a implantação da República em 1910. Depois surgiram o Escudo angolano, os “Angolares” e por ultimo o “Escudo”. O escudo era a moeda de Angola entre 1914 e 1928 e novamente entre 1958 e 1977.

O primeiro estabelecimento bancário de Angola remonta a 1865 com uma sucursal do Banco Nacional Ultramarino a sua sede estava instalada em Lisboa na Rua do Comércio, 57 a 61, esquina com a Rua da Prata. O BNU foi emissor até 14 de Agosto de 1926 cedendo o seu lugar ao Banco de Angola que deteve até 1957, o exclusivo comércio bancário em Angola, altura em que surgiu no mercado o Banco Comercial de Angola. Posteriormente o Banco de Angola além de deter o direito exclusivo de emissão de notas de Banco, ainda exercia o comércio bancário, passou a contar com a “concorrência” de mais cinco bancos comerciais (o Banco Comercial de Angola, o Banco de Crédito Comercial e Industrial, o Banco Totta Standard de Angola, o Banco Pinto & Sotto Mayor e o Banco Inter Unido) assim como quatro estabelecimentos de crédito (o Instituto de Crédito de Angola, o Banco de Fomento Nacional, a Caixa de Crédito Agro-Pecuária e o Montepio de Angola.