REGISTOS HISTÓRICOS MAIS
RELEVANTES
D. AFONSO HENRIQUES
1188 - Nove anos depois do reconhecimento da independência de Portugal por
bula do papa Inocêncio II e volvidos três sobre a morte de D. Afonso Henriques, a peste faz a sua entrada no reino e provoca grande
devastação.
D. SANCHO I
1202 - Novo surto de peste mata, ao que se
calcula, um terço dos habitantes de Portugal.
D. DINIS
1312 - A peste volta
a atacar; muita gente morre da doença e de fome.
D. AFONSO IV
1347 - A grande epidemia da Peste
Negra, originária da Ásia Central, irrompe pela Europa.
1348 - A Peste Negra
chega a Portugal, em Setembro, na tríplice forma bubónica, pulmonar e intestinal; particularmente mortífera, dura três
meses antes de atingir o pico.
D. JOÃO I
1384 - Durante as Guerras Fernandinas,
entre Portugal e Castela, uma epidemia,
não se sabe ao certo se de peste
se de tifo, ataca o exército e a frota castelhanos que cercam Lisboa; morrem
entre 150 e 200 soldados por dia, acabando os castelhanos por levantar o cerco.
1414 - Trazida por barcos estrangeiros, a peste chega novamente a Lisboa e ao Porto,
vitimando, entre muitas outras pessoas, a rainha D.
Filipa de Lencastre.
1423 - Uma epidemia
indeterminada flagela Coimbra e a sua região. D.
Duarte, associado ao governo do pai, D. João I, administrando a justiça
e as finanças, não se desloca ao Mosteiro da Batalha para assistir às
exéquias do velho monarca, por ali reinar, segundo Rui de Pina, «grande
pestilência».
D. DUARTE I
1434 - Numa reunião das Cortes é reconhecido o mau estado de salubridade
do reino.
1437 - Em fins de Agosto registam-se casos mortais de peste em Lisboa e arredores; realizam-se conferências públicas semanais sobre a profilaxia e o tratamento da epidemia; D. Duarte aprova um sistema de medidas sanitárias apresentado pela Câmara de Lisboa, e no seu livro Leal Conselheiro aborda o problema recomendando o abandono dos lugares infectados.
1437 - Em fins de Agosto registam-se casos mortais de peste em Lisboa e arredores; realizam-se conferências públicas semanais sobre a profilaxia e o tratamento da epidemia; D. Duarte aprova um sistema de medidas sanitárias apresentado pela Câmara de Lisboa, e no seu livro Leal Conselheiro aborda o problema recomendando o abandono dos lugares infectados.
1438 - Nova epidemia,
de natureza desconhecida, entra no País e atinge D.
Duarte, que morre em Tomar.
D. AFONSO V
1464 - Ocorre uma nova epidemia,
de características indeterminadas, havendo, segundo os termos de uma
crónica, «muita míngua de mezinhas e boticas e perecendo muitas gentes».
1466 - Repete-se o surto
epidémico.
1468 - Coimbra é particularmente atingida.
1469 - É a vez de Lisboa ser flagelada.
D. JOÃO II
1478 - Após escassos anos de trégua, outra epidemia provoca grandes estragos em Évora, então a segunda
maior cidade do País, onde D. João II manda
construir uma casa de saúde e ordena medidas higiénicas, como a de se percorrer
a cidade com rebanhos, o que se sabe empiricamente ser eficaz.
1480 - Quase colada à anterior, entra no País uma nova epidemia, que perdurará por 17 anos e
estará particularmente centrada em Lisboa.
1485 - A persistente epidemia agrava-se, favorecida pela fome por ela própria gerada,
num círculo vicioso.
1492 - D. João II regula regimes de quarentena,
manda instalar esgotos, designa lugares específicos para acumular o lixo e
manda acender fogueiras de alecrim e desinfectar as casas dos doentes.
1495 - Évora é particularmente flagelada. D. João
II e a corte passam o inverno em Santarém, em Setembro a rainha D.
Leonor informa-se do estado sanitário de Lisboa e o rei morre em Outubro, no
Algarve. Quando sobe ao trono, o novo rei, D.
Manuel I, encerra as Cortes reunidas em Montemor-o-Novo, por a peste estar generalizada, e
durante mais de um ano permanece afastado da capital.
D. MANUEL I
1503 - Irrompe uma epidemia
mal conhecida, em consequência da fome provocada pela destruição das
sementeiras por tempestades.
1505 - Uma nau proveniente de Roma traz para Lisboa uma epidemia «brava e cruel», que
alastra para fora da cidade; quando chega a Évora, esta cidade quase se
despeja.
1510 - Há registo de nova
epidemia de natureza desconhecida.
1514 - Verifica-se novo
surto epidémico. D. Manuel I manda
construir cemitérios e evacuar Lisboa, o que não chega a acontecer dada a
dificuldade de concretizar tal medida.
1520 - Funda-se, em Lisboa, um hospital para «doentes de pestilença».
1521 - Alastra pela capital uma epidemia de encefalite
letárgica, trazida das praças- -fortes marroquinas de Arzila e
Azamor; D. Manuel I morre vitimado
por essa doença. Seguem-se novas epidemias, chegando o Porto a ser quase
evacuado durante cinco meses.
1569 - Proveniente de Veneza, entra em Portugal a chamada «peste grande», uma
catástrofe que mata 60 mil pessoas em Lisboa.
1579 - A «peste grande»
volta a fazer-se sentir com particular acuidade, sendo de novo especialmente
mortífera na capital.
FILIPE I
1598 - No
18º ano do domínio espanhol em Portugal, irrompe a «peste pequena», proveniente da Flandres (então
também domínio da coroa espanhola) e chegada através da Espanha; a epidemia
mantém-se por cinco anos.
D. JOÃO IV
1645 - Pouco depois da restauração da independência de Portugal, chega de
África a «peste do Algarve»,
destinada a durar cinco anos e assim chamada por ter alastrado com
especial perigosidade na região algarvia.
D. AFONSO VI
1658 - Vinda de Badajoz, grassa no cerco de Elvas, durante a Guerra da
Restauração, uma epidemia de
tifo exantemático.
D. JOÃO V
1721 - Aparecem em Portugal os primeiros casos de febre-amarela, uma doença com toda a
probabilidade proveniente do Brasil.
1723 - A febre-amarela
alastra por Lisboa; surtos da doença aparecerão repetidamente durante um
longo período de mais de 140 anos.
D. JOÃO VI
1808 - Durante a Guerra Peninsular (ou Invasões Francesas) irrompe o tifo exantemático, que faz
mais vítimas do que os combates entre os exércitos anglo-luso e napoleónico.
D. MIGUEL I
1832 - No decorrer da guerra civil conhecida por Lutas Liberais, navios
que transportam tropas para o exército liberal de D.
Pedro IV, cercado no Porto, trazem de Ostende uma epidemia de cólera que depois
alastra a Lisboa. Durante quase 80 anos, o País conhecerá oito epidemias de
cólera.
D. PEDRO V
1861 - D. Pedro V morre vitimado pela febre tifóide; durante o seu
reinado de oito anos registam-se surtos de cólera e febre-amarela.
D. CARLOS I
1899 - Manifesta-se no Porto uma epidemia de peste bubónica, provavelmente importada de Bombaim,
de que se registam 320 casos, 112 deles mortais, contando-se entre os falecidos
o higienista Câmara Pestana; é imposto à cidade um cordão sanitário, que
indigna os seus habitantes.
TEÓFILO BRAGA
1910 - Surge na ilha da Madeira uma epidemia de cólera, transportada por imigrantes
russos.
SIDÓNIO PAIS
1918 - Alastra por Portugal, de norte a sul, a pandemia internacionalmente designada «gripe espanhola»
e no nosso país mais conhecida por «pneumónica», vitimando mais de cem mil pessoas. Paralelamente,
registam-se epidemias de tifo exantemático, varíola e difteria.
ANTÓNIO JOSÉ ALMEIDA
1922 - Irrompe nos Açores uma epidemia de peste, que se prolonga pelo ano seguinte.
FRANCISCO CRAVEIRO LOPES
1957 - Chegam a Lisboa, no Moçambique, vindo de África, passageiros
que transportam o vírus da
gripe asiática, que causou 4 milhões de mortes em todo o mundo. Em
Portugal seriam 1050 as vítimas. As escolas primárias foram encerradas. É a
segunda pandemia de gripe do século XX.
JORGE SAMPAIO
2002 - Tem início na China um surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS).
2005 - A «gripe das aves»,
causada pelo vírus H5N1,
dissemina-se a partir do Sudeste Asiático.
ANÍBAL CAVACO
SILVA
2009 - A pandemia de gripe A,
inicialmente conhecida por «gripe
suína», faz vítimas em todos os continentes.
MARCELO REBELO DE SOUSA
2020 - Entra em Portugal o novo corona vírus surgido na China em Dezembro do ano anterior e
designado Covid-19.
DOS
MICRÓBIOS
Viagem através de mais de oito séculos.
As epidemias têm sido praticamente uma constante na História de
Portugal.
Nota: O essencial desta
cronologia foi elaborado a partir do Dicionário da História de Portugal,
dirigido por Joel Serrão.
Resumi, coloquei
imagens, e acrescentei outros pormenores.
V. Oliveira
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