terça-feira, 12 de maio de 2020

PESTES / EPIDEMIAS EM PORTUGAL




REGISTOS HISTÓRICOS MAIS 

RELEVANTES

D. AFONSO HENRIQUES

1188 - Nove anos depois do reconhecimento da independência de Portugal por bula do papa Inocêncio II e volvidos três sobre a morte de D. Afonso Henriques, a peste faz a sua entrada no reino e provoca grande devastação.

D. SANCHO I

1202 - Novo surto de peste mata, ao que se calcula, um terço dos habitantes de Portugal. 

D. DINIS 

1312 - A peste volta a atacar; muita gente morre da doença e de fome.

D. AFONSO IV

1347 - A grande epidemia da Peste Negra, originária da Ásia Central, irrompe pela Europa. 
1348 - A Peste Negra chega a Portugal, em Setembro, na tríplice forma bubónica, pulmonar e intestinal; particularmente mortífera, dura três meses antes de atingir o pico. 


D. JOÃO I

1384 - Durante as Guerras Fernandinas, entre Portugal e Castela, uma epidemia, não se sabe ao certo se de peste se de tifo, ataca o exército e a frota castelhanos que cercam Lisboa; morrem entre 150 e 200 soldados por dia, acabando os castelhanos por levantar o cerco.
1414 - Trazida por barcos estrangeiros, a peste chega novamente a Lisboa e ao Porto, vitimando, entre muitas outras pessoas, a rainha D. Filipa de Lencastre.
1423 - Uma epidemia indeterminada flagela Coimbra e a sua região. D. Duarte, associado ao governo do pai, D. João I, administrando a justiça e as finanças, não se desloca ao Mosteiro da Batalha para assistir às exéquias do velho monarca, por ali reinar, segundo Rui de Pina, «grande pestilência». 

D. DUARTE I

1434 - Numa reunião das Cortes é reconhecido o mau estado de salubridade do reino. 
1437
- Em fins de Agosto registam-se casos mortais de peste em Lisboa e arredores; realizam-se conferências públicas semanais sobre a profilaxia e o tratamento da epidemia; D. Duarte aprova um sistema de medidas sanitárias apresentado pela Câmara de Lisboa, e no seu livro Leal Conselheiro aborda o problema recomendando o abandono dos lugares infectados. 
1438 - Nova epidemia, de natureza desconhecida, entra no País e atinge D. Duarte, que morre em Tomar.

D. AFONSO V

1464 - Ocorre uma nova epidemia, de características indeterminadas, havendo, segundo os termos de uma crónica, «muita míngua de mezinhas e boticas e perecendo muitas gentes».
1466 - Repete-se o surto epidémico.
1468 - Coimbra é particularmente atingida.
1469 - É a vez de Lisboa ser flagelada. 

D. JOÃO II

1478 - Após escassos anos de trégua, outra epidemia provoca grandes estragos em Évora, então a segunda maior cidade do País, onde D. João II manda construir uma casa de saúde e ordena medidas higiénicas, como a de se percorrer a cidade com rebanhos, o que se sabe empiricamente ser eficaz.
1480 - Quase colada à anterior, entra no País uma nova epidemia, que perdurará por 17 anos e estará particularmente centrada em Lisboa.
1485 - A persistente epidemia agrava-se, favorecida pela fome por ela própria gerada, num círculo vicioso.
1492 - D. João II regula regimes de quarentena, manda instalar esgotos, designa lugares específicos para acumular o lixo e manda acender fogueiras de alecrim e desinfectar as casas dos doentes.
1495 - Évora é particularmente flagelada. D. João II e a corte passam o inverno em Santarém, em Setembro a rainha D. Leonor informa-se do estado sanitário de Lisboa e o rei morre em Outubro, no Algarve. Quando sobe ao trono, o novo rei, D. Manuel I, encerra as Cortes reunidas em Montemor-o-Novo, por a peste estar generalizada, e durante mais de um ano permanece afastado da capital.

D. MANUEL I

1503 - Irrompe uma epidemia mal conhecida, em consequência da fome provocada pela destruição das sementeiras por tempestades.
1505 - Uma nau proveniente de Roma traz para Lisboa uma epidemia «brava e cruel», que alastra para fora da cidade; quando chega a Évora, esta cidade quase se despeja.
1510 - Há registo de nova epidemia de natureza desconhecida.
1514 - Verifica-se novo surto epidémico. D. Manuel I manda construir cemitérios e evacuar Lisboa, o que não chega a acontecer dada a dificuldade de concretizar tal medida.
1520 - Funda-se, em Lisboa, um hospital para «doentes de pestilença».
 1521 - Alastra pela capital uma epidemia de encefalite letárgica, trazida das praças- -fortes marroquinas de Arzila e Azamor; D. Manuel I morre vitimado por essa doença. Seguem-se novas epidemias, chegando o Porto a ser quase evacuado durante cinco meses.
1569 - Proveniente de Veneza, entra em Portugal a chamada «peste grande», uma catástrofe que mata 60 mil pessoas em Lisboa.
1579 - A «peste grande» volta a fazer-se sentir com particular acuidade, sendo de novo especialmente mortífera na capital.

FILIPE I

1598 - No 18º ano do domínio espanhol em Portugal, irrompe a «peste pequena», proveniente da Flandres (então também domínio da coroa espanhola) e chegada através da Espanha; a epidemia mantém-se por cinco anos. 

D. JOÃO IV

1645 - Pouco depois da restauração da independência de Portugal, chega de África a «peste do Algarve», destinada a durar cinco anos e assim chamada por ter alastrado com especial perigosidade na região algarvia. 

D. AFONSO VI

1658 - Vinda de Badajoz, grassa no cerco de Elvas, durante a Guerra da Restauração, uma epidemia de tifo exantemático.

D. JOÃO V

1721 - Aparecem em Portugal os primeiros casos de febre-amarela, uma doença com toda a probabilidade proveniente do Brasil
1723 - A febre-amarela alastra por Lisboa; surtos da doença aparecerão repetidamente durante um longo período de mais de 140 anos.


D. JOÃO VI

1808 - Durante a Guerra Peninsular (ou Invasões Francesas) irrompe o tifo exantemático, que faz mais vítimas do que os combates entre os exércitos anglo-luso e napoleónico. 

D. MIGUEL I

1832 - No decorrer da guerra civil conhecida por Lutas Liberais, navios que transportam tropas para o exército liberal de D. Pedro IV, cercado no Porto, trazem de Ostende uma epidemia de cólera que depois alastra a Lisboa. Durante quase 80 anos, o País conhecerá oito epidemias de cólera. 

D. PEDRO V

1861 - D. Pedro V morre vitimado pela febre tifóide; durante o seu reinado de oito anos registam-se surtos de cólera e febre-amarela. 

D. CARLOS I

1899 - Manifesta-se no Porto uma epidemia de peste bubónica, provavelmente importada de Bombaim, de que se registam 320 casos, 112 deles mortais, contando-se entre os falecidos o higienista Câmara Pestana; é imposto à cidade um cordão sanitário, que indigna os seus habitantes. 

TEÓFILO BRAGA

1910 - Surge na ilha da Madeira uma epidemia de cólera, transportada por imigrantes russos. 

SIDÓNIO PAIS

1918 - Alastra por Portugal, de norte a sul, a pandemia internacionalmente designada «gripe espanhola» e no nosso país mais conhecida por «pneumónica», vitimando mais de cem mil pessoas. Paralelamente, registam-se epidemias de tifo exantemático, varíola e difteria. 

ANTÓNIO JOSÉ ALMEIDA

1922 - Irrompe nos Açores uma epidemia de peste, que se prolonga pelo ano seguinte.

FRANCISCO CRAVEIRO LOPES

1957 - Chegam a Lisboa, no Moçambique, vindo de África, passageiros que transportam o vírus da gripe asiática, que causou 4 milhões de mortes em todo o mundo. Em Portugal seriam 1050 as vítimas. As escolas primárias foram encerradas. É a segunda pandemia de gripe do século XX.

JORGE SAMPAIO


2002 - Tem início na China um surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS).
2005 - A «gripe das aves», causada pelo vírus H5N1, dissemina-se a partir do Sudeste Asiático.


ANÍBAL CAVACO SILVA

2009 - A pandemia de gripe A, inicialmente conhecida por «gripe suína», faz vítimas em todos os continentes.

MARCELO REBELO DE SOUSA

2020 - Entra em Portugal o novo corona vírus surgido na China em Dezembro do ano anterior e designado Covid-19.

  
DOS MICRÓBIOS
Viagem através de mais de oito séculos.
As epidemias têm sido praticamente uma constante na História de Portugal.

Nota: O essencial desta cronologia foi elaborado a partir do Dicionário da História de Portugal, dirigido por Joel Serrão.
Resumi, coloquei imagens, e acrescentei outros pormenores.
 V. Oliveira 

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