terça-feira, 16 de setembro de 2025

OS DEZ MANDAMENTOS… PARA SE AMAR UM IDOSO!…


Estes mandamentos foram redigidos por um frade carmelita italiano, e introduzido no português por um confrade da mesma ordem, em Teresópolis

1 — DEIXE-O FALAR... do seu passado, porque nele existe um tesouro de verdade, de experiência e de beleza.

2 — DEIXE-O VENCER... as discussões, porque ele tem necessidade de sentir-se seguro dele mesmo.

3 — DEIXE-O VISITAR OU RECEBER... seus velhos amigos, porque entre eles se sente reviver. Junto a eles, será respeitado pela sua história e amizade.

4 — DEIXE-O CONTAR... suas histórias, mesmo repetidas, porque se sente feliz quando o escutamos.

5 — DEIXE-O VIVER... entre as coisas que ele mais amou, porque sofre sentindo que arrancamos pedaços de sua vida.


6 — DEIXE-O RECLAMAR... quando estiver nervoso, porque os idosos e as crianças têm o direito à tolerância e à compreensão.

7 — DEIXE-O PASSEAR... com você, nos fins-de-semana ou nas férias, para que não sinta remorsos se, no próximo ano, ele não estiver contigo.

8 — DEIXE-O ENVELHECER... com o mesmo e paciente amor com que deixa crescer seus filhos porque tudo isso é parte da natureza.

9 — DEIXE-O REZAR... como ele souber e como quiser para descobrir a presença de Deus em seu caminho que falta percorrer. Quando puder reze com ele.

10 — DEIXE-O MORRER... nos braços da família e junto com amigos. Mas antes disso, DEIXE-O VIVER... como ele quiser...




Nota:
O texto acima foi transcrito e adaptado por Pascoal Nunes.
São dele as modificações e adições ao texto original, mas mantendo o mesmo sentido.
Captação da rubrica: “Eu e a Vida”, e articulado por V. Oliveira  

terça-feira, 2 de setembro de 2025

CARTA A JOSEFA, MINHA AVÓ


"Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo — e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água.

Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira — sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.

Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. 

És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-mo tu, ou terei sonhado que o contavas?)

Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém. Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. 

Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. 

Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos — e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Quem to roubou? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti — e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava. Não teremos, realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas — e isso ainda é pior. 

Mas porquê, avó, por que te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: 

«O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!»

É isto que eu não entendo, mas a culpa não é tua.”



Carta escrita por José Saramago para a sua avó, publicada no jornal A Capital, em 1968 


terça-feira, 19 de agosto de 2025

ERATÓSTENES CÁLCULO DA CIRCUNFERÊNCIA DA TERRA HÁ MAIS DE 2000 ANOS





Eratóstenes, foi o homem que mediu o mundo... com um pau e uma sombra

Há mais de 2000 anos, um sábio grego que vivia no Egipto fez algo que parece ser ficção científica: calculou a circunferência da Terra com grande precisão... usando apenas observação, geometria e um pau. 
Nascido em Cirene (uma antiga cidade grega) por volta de 276 a.C., foi um verdadeiro génio do seu tempo: matemático, astrónomo, filósofo, geógrafo e também director da famosa Biblioteca de Alexandria, talvez o maior centro de conhecimento do mundo antigo.
Eratóstenes sabia que em Syene (actual Assuão, sul do Egipto), o sol do meio-dia no solstício de verão caía logo em cima: não havia sombra e o reflexo do Sol chegava ao fundo dos poços.
No entanto, em Alexandria, que fica ao norte, nesse mesmo dia e à mesma hora, os objectos projectavam uma sombra. Essa diferença só poderia ser explicada se a superfície da Terra fosse curva.
Então Eratóstenes fez uma experiência: cravou uma vara vertical no solo de Alexandria e, ao meio-dia do solstício, mediu o ângulo da sombra projectada.
Obteve um ângulo próximo de 7,2°, que é 1/50 de um círculo completo (360°).

Com essa informação, ele fez um cálculo brilhante:
Se 7,2° equivalesse à distância entre Syene e Alexandria (aproximadamente 800 km segundo as estimativas da época), então multiplicando essa distância por 50, obteria a circunferência total da Terra.
Resultado: aproximadamente 40.000 km.
O número real hoje em dia é de 40,075 km, o que é uma margem de erro mínima, especialmente se considerarmos que o fez sem satélites, relógios atómicos ou calculadoras, além de outros factores…


NOTA: Texto pesquisado através da wikipedia com alterações e fotografias introduzidas por V. Oliveira 


terça-feira, 5 de agosto de 2025

TORRE DE CENTUM CELLAS – UM MISTÉRIO!...


Torre Centum Cellas, antigamente também denominada como Torre de São Cornélio, localiza-se no monte de Santo Antão, freguesia de Belmonte e Colmeal da Torre.

No contexto da invasão romana da Península Ibérica, a villa seria de propriedade de um certo Lúcio Cecílio que foi um abastado cidadão romano, negociante de estanho (metal abundante na Península Ibérica), e que a teria erguido pelos meados do século I. 

De acordo com os testemunhos arqueológicos, foi destruída nos meados do século III por um grande incêndio, e reconstruída posteriormente.

Na época medieval, sobre os seus restos, construiu-se uma capela sob a invocação de São Cornélio, que as lendas associavam ao local, mas que caiu em ruínas e desapareceu por completo pelo século XVIII.

Esta Torre, ao longo dos séculos, vem despertando as atenções de curiosos e estudiosos, suscitando as mais diversas lendas e teorias em torno de si.

Uma das tradições, por exemplo, refere que a edificação teria sido uma prisão com uma centena de celas (donde o nome), onde teria estado cativo São Cornélio  (donde o nome alternativo).

Sobre a sua primitiva função, acreditava-se que pudesse ter sido um acampamento romano. Entretanto, campanhas de prospecção arqueológica na sua zona envolvente, empreendidas na década de 1960 e na década de 1990, indicam tratar-se, mais apropriadamente, de uma villa, sendo a torre representativa da sua pars urbana, estando ainda grande parte da pars rustica por escavar. 

São Cornélio


NOTA: Recolha resumida e trabalhada por V. Oliveira  

terça-feira, 22 de julho de 2025

VELOCIDADE DE SOM

 


Um Halo estranho, em forma de cone, que se cria quando se atinge e ultrapassa a velocidade do som 

Por que os aviões a jacto emitem um halo estranho quando ultrapassam a velocidade do som?

Os aviões a jacto são máquinas incríveis que podem voar mais rápido que a velocidade do som, que é cerca de 1.192 km/h (741 mph) ao nível do mar e 20 °C (68 °F). 

Quando fazem isso, às vezes criam um halo estranho ao seu redor, que se parece com um anel ou cone branco. Esse fenómeno é chamado de cone de vapor ou colar de choque e está relacionado ao estrondo sónico que a aeronave produz.

Um estrondo sónico é um ruído alto que ocorre quando um objecto viaja pelo ar mais rápido do que as ondas sonoras que ele cria. Isso faz com que as ondas sonoras se acumulem e formem uma onda de choque, que é uma mudança repentina de pressão e densidade. A onda de choque viaja em forma de cone atrás da aeronave, com a aeronave na ponta. O ângulo do cone depende da velocidade da aeronave e, quanto mais rápida for a aeronave, mais estreito será o cone.

A onda de choque afecta o ar ao redor da aeronave e diminui sua pressão e temperatura. Isso faz com que a humidade do ar se condense em pequenas gotículas, que formam uma nuvem visível. A nuvem aparece como um halo ao redor da aeronave, seguindo o formato da onda de choque. A nuvem desaparece rapidamente, à medida que o ar volta à pressão e temperatura normais e as gotículas evaporam.

O cone de vapor nem sempre é visível e depende da humidade e da temperatura do ar. Quanto maior a humidade e menor a temperatura, maior a probabilidade de formação do cone de vapor. 

Também depende da altitude e do ângulo da aeronave, e é mais provável que se forme quando a aeronave está perto do solo e voando em um ângulo acentuado. 

O cone de vapor não é prejudicial à aeronave ou aos passageiros e não afecta o desempenho ou a estabilidade da aeronave. 

É apenas um efeito visual que mostra a potência e a velocidade do avião a jacto.





Nota: Compilação e arranjo feito por V. Oliveira

terça-feira, 8 de julho de 2025

POR QUE OS VOOS DOS AVIÕES SÃO CURVOS E NÃO RETOS?




A distância mais curta entre dois pontos é sempre uma linha na geometria euclidiana.

Essa é a geometria geralmente aprendida na escola, onde as figuras são bidimensionais e representadas em uma superfície plana como uma página de caderno.

Na vida real, a distância mais curta é uma curva chamada geodésica. Assim, não se utiliza a geometria euclidiana, mas sim a geometria Riemaniana.

Uma curva geodésica é a curva de menor comprimento que une dois pontos numa superfície.  Em geometria plana, essa curva é um segmento de reta, mas em geometrias curvas, como a superfície da Terra, a geodésica pode ser um arco de círculo máximo.  

Este é o princípio matemático que os planeadores de voo usam para traçar as rotas mais económicas para as aeronaves, permitindo economizar tempo e combustível.

Esta é mais uma prova irrefutável da esfericidade do nosso planeta, ou seja, a terra não é plana, triangular muito menos quadrada...

Em navegação aérea ou marítima, as rotas mais eficientes (em termos de distância) são curvas geodésicas.  


Nota: Compilação e arranjo feito por V. Oliveira 

terça-feira, 24 de junho de 2025

PERGUNTAS AO TEMPO! POR FREIXO DE ESPADA À CINTA.


Freixo...

Onde estão do outrora, essas imagens em que eu via o mundo como sonhos de menino?
A torre, meu castelo de ilusões, o lendário Freixo, orgulhoso da sua nobreza, o cronista do Oriente, imortalizado em pedestal, a praça, salão nobre dos "raparigos", o poeta que me viu "partir chorando", a igreja, orgulho de todos nós, filhos da terra manuelina, o rio, esse Douro mágico que espalha nectar por tudo o que é mundo.
E Vós, Senhora dos Montes Ermos, quantas mães te prometeram a jorna, pela troca de uma promessa
cumprida?...
A tua morada continua na alvura dos anjos?
Conta-me Freixo, o misterioso segredo da avó Leopoldina no seu desespero na velha ponte romana do carril!
Diz-me da eterna saudade dos avós Zaira e Eugénio na rua de Trás do Adro, onde as férias de verão eram o meu anseio no fim do ano escolar.
Poderei dizer que os "lanches" em casa da Tia Alice, adornados com pitadas de humor do tio Manel serão memórias para levar até à eternidade? Claro que sim, dizem-mo as lágrimas suaves que humedecem sempre as minhas lembranças.
Lembra-me do trigo das searas arrastado pela brisa suave das manhãs de Junho; da horta da tia Francisca, onde as romãs eram presentes da velha mina, que lhes refrescava as raízes "maternas".
Onde posso lembrar o velho jumento do primo Manuel, que tantas vezes pelo raiar do dia, me "passeava" pelo tortuoso caminho do Valduço?
Onde são as fantásticas miragens, de sonhos esvaídos do passado, que o Penedo Durão me pintava no pensamento?
Posso recordar as amendoeiras em flor, que no vale ou monte, transformavam a agreste paisagem?
Ainda vejo junto à fresca e velha fonte, a mítica imagem do lavrador acariciando a terra?
Ali bem perto, a frondosa árvore, lembrava as velhas histórias do tio Branqueja, repassadas na narração, mas sempre com imagens novas na minha inocência.
Diz-me, Freixo da espada, os sinos ainda tocam às trindades?
Como tudo me parece hoje diferente, quando vos analiso à luz fria e neutral do pensamento. 
 
Jcorredeira