terça-feira, 12 de dezembro de 2023

FEITORIA FENÍCIA DE ABUL


No coração da Reserva Natural do Estuário do Sado ergue-se a feitoria fenícia de Abul. 
Escondida há mais de 2.500 anos, foi descoberta por trabalhos arqueológicos em 1990.


Os vestígios da feitoria datam dos séculos VII e VI a.C. e, além de ser o primeiro assentamento fenício conhecido em Portugal, é também um sítio único em toda a fachada atlântica europeia. 
Os estudos arqueológicos mostram que houve duas fases de construção da feitoria. A primeira tem um muro com mais de um metro, incluído numa superfície de mais de 500 metros quadrados. A seguinte, no século V a.C., revela muros construídos em maior tamanho, armazéns ampliados e um corredor de circulação em torno de um pátio central, onde se pode identificar um santuário. Revela o clássico modelo de organização do espaço, numa planta quadrada que indica que a área teria funções comerciais e habitacionais. As estruturas de alguns armazéns, de pequenas casas e de um pátio interno podem ser facilmente observadas. 



Sobre as ruínas fenícias de Abul, que permaneceram sem ocupação por mais de seis séculos, foram também encontrados três fornos romanos para a produção de variados tipos de ânforas, dos séculos I a III a.C.
Os indícios da civilização Fenícia do Ocidente encontram-se evidentes nos objectos encontrados neste sítio. Entre eles, fazem parte ânforas do tipo Rachgoun, forma que terá circulado em todo o mundo fenício-ocidental, entre os séculos VIII e VI a.C., e que servia sobretudo para transportar conservas de peixe produzidas na Península de Tróia e Cetóbriga (Setúbal).
Também foram encontrados vários exemplares de cerâmica de engobe vermelho, como pratos e a pátera carenada. A cerâmica cinzenta surge com relativa abundância, além da cerâmica pintada de bandas (pithos), estas encontradas em menor quantidade. 


Além da cerâmica, indícios de actividade metalúrgica encontram-se presente neste sítio, designadamente através de uma concentração de minério associado a escórias, numa área imediatamente exterior ao "amuralhado" norte.

Nota: Compilação e arranjo feito por V. Oliveira 

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