É o maior de Angola, segundo dados da administração municipal do Luacano. Tem uma altitude média de 1.098 metros acima do nível do mar. Quando chega Setembro, torna-se mais quente, com uma temperatura média de 32°C e desce drasticamente em Julho a 8,1 ºC.
A temperatura do lago é relativamente constante, mas caindo bruscamente durante a noite, podendo haver alguns dias em que as temperaturas mínimas fazem congelar as águas. Por isso, não existem estações definidas ao longo do ano.
O lago Dilolo está intrinsecamente interligado, numa zona turística, onde se encontra um outro lago (Cameia) e o Parque Nacional da Cameia, todos do município da Cameia, localizado ao longo do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB).
Pela sua beleza turística inigualável, o lago precisa de valorização e investimentos em construção de infra-estruturas hoteleiras, lugares de lazer e outros empreendimentos para atrair turistas.
O turismo no município do Luacano necessita de ser melhor explorado, para que, além de permitir descobrir mais zonas atractivas na região, seja uma fonte de receitas e oferta de emprego, bem como de exaltação da cultura e tradição dos diferentes povos que habitam a circunscrição.
Numa altura em que se pretende a diversificação da economia nacional, o “refúgio” ao turismo é um caminho a seguir, conjugado com a questão da exploração da pesca artesanal, agricultura, actividades mais praticadas na região. Daí que os empresários nacionais e estrangeiros podem encontrar um dos locais ideais para investimentos.
O Luacano, um dos nove municípios da província do Moxico, está situado ao longo do Caminho-de-Ferro de Benguela. Possui 30 mil e 747 habitantes, segundo dados preliminares do Censo2014, e ocupa uma extensão territorial de 34 mil e 780 quilómetros quadrados, povoados por luvales e minungos.
“O Lago Dilolo é um esplendor da natureza, propício para momentos de lazer, pesca entre outras actividades turísticas. Os empresários devem investir, com vista a desenvolver a municipalidade economicamente”, disse o soba João, acrescentando que a riqueza paisagística, turística e ambiental do Lago Dilolo deve ser escrita e divulgada.
Lendas do Lago Dilolo
O lago Dilolo é na verdade um “monstro natural”, que guarda dentro e fora encantos e mitos de “arrepiar”. No passado recente, antes denominado Kalumbo, um rio que segundo os habitantes, a sua nascente “emitia” vozes de pessoas invisíveis, possivelmente femininas, no período da tarde e à noite quando um aldeão passava.
“Oku unakuya naukasavala nyi naukakinduluka?” perguntava a suposta voz, em idioma Luvale, uma das mais faladas da região. Em português significa, “onde vais? Irás dormir ou voltas?”, se o aldeão respondesse “Nangukahiluka”, ou seja “volto”, ao regressar encontrava o rio com maré alta e se dissesse “Nangusavala” (pernoito), na volta encontrava o rio no seu estado normal e passava sem preocupação.
Os aldeões deram conta da trapaça da voz feminina que também a apelidaram de Kalumbo wa kola, originária do pequeno rio localizado a cerca de um quilómetro da sede comunal, que quando passava no "sítio" após a pergunta da senhora respondia simplesmente “Nangusavala”.
Segundo alguns relatos, um certo dia apareceu numa das aldeias próximas do rio Kalumbo uma idosa estranha a vaguear de casa em casa, com peixinhos nas mãos para trocar com outros produtos para o seu sustento. Infelizmente, devido ao seu aspecto debilitado e com infecções por todo o corpo, foi rejeitada.
A idosa, cansada de tanta rejeição, decidiu fazer uma última tentativa de troca de produtos, antes de prosseguir a viagem misteriosa e sem destino. Felizmente, foi recebida por alguém que lhe deu alimentos em troca de nada, conta o soba João.
Após este acto benevolente, a anciã agradeceu o gesto raro e deixou um aviso à família que a acolheu: “Handemba namikevua lizo lya muthu nguenhi calumbo weza, calumbu weza mikaya limbo lieka” (“ouvirão de madrugada uma voz a dizer; calumbo chegou, calumbo chegou, deve fugir e ir a outro bairro”).
Assim aconteceu na madrugada do dia posterior. A senhora e sua família ouviram a voz, sem avisar ninguém, conforme a recomendação da misteriosa idosa, fugiram e foram para outra aldeia. Após a saída desta família, naquela noite caiu uma forte chuva que não parava. Os moradores inicialmente pensavam tratar-se de algo normal, mas aumentou a intensidade e força.
Por fim, acabou por deixar todos moradores sem “chances” de sair das suas casas e desta forma ficaram todos submersos.
O soba e os chefes de famílias que iam à caça de regresso não conseguiram encontrar o bairro, pois estava submerso. Reza a história que os moradores até hoje continuam a viver debaixo da água e é possível ainda ouvir as suas vozes.
(Por Laite Capuita Tito)
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